Foto: Força Aérea Francesa
Uma
viagem no Dassault Rafale B bilugar, da Força Aérea Francesa não
aconteceu como planeado, quando um passageiro stressado no banco
traseiro se ejectou inadvertidamente do caça de dois lugares. Só
não houve perda total da aeronave devido a uma falha não detectada
anteriormente que impedia a ejecção do piloto.
O
passageiro do banco traseiro do Rafale B, era um contratado de 64
anos e responsável pelas actividades de teste de uma empresa
francesa de armamento, de acordo com o relatório publicado em 6 de
abril pelo departamento de investigação de acidentes aéreos das
forças armadas francesas.
Quando
o passageiro chegou a Saint Dizier na noite anterior ao voo, ele não
sabia que os seus colegas lhe haviam organizado um passeio especial
no banco traseiro do caça mais avançado da Força Aérea Francesa,
diz o relatório
Os
seus colegas e amigos, que incluía um ex-piloto da Força Aérea
Francesa, queriam surpreender o passageiro com o voo, mas não
contaram com a reacção deste.
De
acordo com uma cópia traduzida do relatório em língua francesa, o
passageiro “nunca expressou o desejo de realizar esse tipo de voo
e, em particular, em Rafale”.
Diz
também no relatório, como o gesto foi uma surpresa, o passageiro só
foi informado horas antes do voo, deixando pouco tempo para se
preparar e mentalizar e achando ele que não podia recusar o gesto,
devido à pressão social imposta pelos seus colegas e amigos.
Um
exame médico pré-voo obrigatório resultou numa recomendação do
médico para limitar qualquer força de manobra a menos de 3 gs. No
entanto, uma falha no sistema electrónico do consultório, impediu
que a orientação do médico fosse transmitida ao passageiro ou ao
piloto do Rafale envolvido no acidente, diz o relatório.
Também
se pode ler no relatório, que a surpresa arranjada às pressas ,
implicava que o passageiro tinha de entrar em qualquer voo que
estivesse organizado para aquele dia, neste caso, era uma missão de
patrulha de rotina de três aeronaves. Esse tipo de missão inclui
uma subida padrão imediatamente após a descolagem com cargas
superiores a 4,5 gs.
O
passageiro parecia entusiasmado com o piloto quando subiram para o
cockpit, mas havia sinais de stress. Quando este se sentou, o seu
relógio de pulso registava a frequência cardíaca, que estava entre
136 e 142, sabendo que a frequência cardíaca máxima para um homem
da sua idade é de 156 batimentos por minuto, pode ler-se no mesmo relatório.
Talvez
devido ao stress, o passageiro não tenha conseguido prender
correctamente a parte de trás da alça do ombro permitindo mais
movimentos do que o necessário, para além disso não apertou também
a perna direita do traje de pressão, não baixou a viseira do
capacete nem prendeu a tira do queixo do mesmo.
A
experiência do passageiro no banco de trás do Dassault Rafale B da
Força Aérea Francesa foi muito breve.
Quando
o piloto subiu na descolagem, o Rafale atingiu rapidamente cargas
aerodinâmicas acima de 4,5 gs, tudo isto num curto espaço de tempo
de 10 segundos. O piloto nivelou-se bruscamente, fazendo com que as
cargas se invertessem para 0,63 gs negativos. O passageiro chocado,
cujas alças dos ombros se encontravam soltas, podiam ter permitido
que ele flutuasse para cima, alcançando uma alavanca com a mão, que
por acaso era o mecanismo que fez com que o seu assento fosse
ejectado inadvertidamente.
Como
o passageiro falhou alguns dos procedimentos de segurança,
nomeadamente em baixar a viseira e prender a tira do queixo, a
exposição aos 200 kh e o fluxo do ar fora da aeronave fez com que o
capacete voasse. Além dos ferimentos leves no rosto, o passageiro
pousou em segurança na pista depois de o seu para-quedas se ter
aberto a cerca de 2.000 pés de altitude.
O
comando de ejecção inadvertida do passageiro poderia ter sido
desastroso para a aeronave. A versão de dois lugares do Rafale B
permite que o piloto seleccione entre duas opções: “1” permite
que apenas um único assento seja ejectado quando a alavanca é
puxada, e “2” ordena que ambos os assentos sejam ejectados quando
apenas uma é puxada. O relatório concluiu que o piloto seleccionou
a opção “2” para este voo, o que significa que o assento do
piloto também se deveria ter ejectado.
A
sequência de ejecção prosseguiu normalmente, com o velame do para-quedas dos dois assentos saindo e o banco traseiro disparando. No
entanto, a carga explosiva conectada ao banco da frente nunca recebeu
um comando para disparar, devido a tal avaria não detectada
anteriormente. Como resultado, o piloto permaneceu a bordo da
aeronave, embora com um dossel e o banco traseiro ausentes. O piloto
efectuou manobras de segurança, como deitar fora combustível e
voltou a Saint Dizier para aterrar, diz o relatório do departamento
de investigação de acidentes aéreos das forças armadas francesas.
A
aeronave bilugar Dassault Rafale B da Força Aérea Francesa, foi entretanto isolada por um período de 24 horas até que a carga
explosiva do banco da frente pudesse ser desarmada.
Um
gesto bem intencionado que deu errado, e que expôs uma falha grave
anteriormente não detectada no sistema de ejecção do Dassault
Rafale B.

Nenhum comentário:
Postar um comentário